sábado, 29 de fevereiro de 2020

O dia da despedida


Ironia do destino, foi naquele dia.
26 de Fevereiro.
Tanto dias iguais no calendário a festejar o amor e tive de dizer adeus neste dia.

Este dia marcou-me. Muito. Como tu me marcaste.

De longe, ouvia as palavras que te dedicavam.
Na cerimónia fúnebre mais linda e sentida a que tive o privilégio de assistir, quem melhor te conhecia dava-te a conhecer.

Tudo me era familiar. Tudo em ti me soava familiar. Família. Sempre foi assim que te senti. Antes de me dizeres que me sentias como tua filha, eu já te sentia como família.

Em silêncio e de longe - demasiado longe para quem se sente tão perto - as lágrimas caíam e eu absorvia cada palavra.

O que se dizia de ti fazia-me recordar os momentos que passei contigo. Os bons, os maus e os terríveis que eram aqueles em que me sentia desolada e impotente por não conseguir torná-los melhores.
Mas eu tentei tanto, sabias? Estava disposta a fazer tudo. Só vos queria ver bem. Sempre quis.

Disse-te adeus como se fosse tua amiga mas não sou. Estive longe de ti como se fosse só tua amiga mas não sou.

Queria ter estado sempre ali ao teu lado. Ao lado da família por ser da família, ou melhor, por me sentir da família.
No último momento do adeus, um amigo teu dirigiu-se a mim e disse que me conhecia, que já me tinha visto. De qual é que eu era, perguntou...
Menti e, quase agoniada pela resposta que ia dar, disse que sou uma amiga da família. 
Não é assim que sinto, não é assim que te sinto.

Mas o importante não é isso. O importante é que partiste mas... saíste como uma estrela, uma verdadeira rock star! Com direito a música e tudo!
Hey, always look on the bright side of life, right?

Por falar nisso, deves estar completamente babado. Cheio de orgulho. E estás, que eu sei que estás.
Já viste a família que tens? Os que educaste? A mulher que escolheste?
Sabes... neste dia, ela disse-me que tu gostavas muito, muito de mim. E eu aproveitei para lhe dizer que também gostava muito, muito de ti. De ti e dela :) 

Há uns anos, escrevi-vos uma carta. Lembras-te? Queria que soubessem o orgulho que eu sentia e quão especiais vocês são. Lembro-me como se fosse hoje do abraço que me deste enquanto discretamente limpavas as lágrimas. Sim, eu vi! Eram lágrimas sim senhora! 

Ainda bem que escrevi essa carta. Ainda bem que soubeste o que sentia. 
E tu? Nunca me chegaste a dizer. Será que te desiludi? 

Sinto a vossa falta. Queria ter-vos novamente.

Mas olha, eu vou estar sempre aqui para eles. Sempre. Eu olho por eles.

Chegando perto ou não, mesmo que me mantenham longe, eu estou perto. Vou estar sempre, há coisas que não têm explicação, não é?

Juix*