domingo, 16 de março de 2008

Actores

Não sabemos. Gostamos de pensar que sabemos o que, na verdade, ninguém sabe.
Nós e as nossas certezas absolutas no nosso mundo absolutamente linear...
Fingimos. Fingimos que temos tudo sob controlo e que sabemos exactamente o que vai acontecer. Fingimos que sabemos tudo sobre quem nos rodeia ou até sobre quem nunca vimos.
Não sabemos. Somo mentirosos e, pior do que isso, somos demasiado inseguros, impotentes e frágeis para admitirmos que não sabemos.

Não conhecemos verdadeiramente as pessoas. Elas não são transparentes e nós não as conseguimos decifrar. Elas também não nos decifram. Fingem que decifram.
Fingimos todos os dias mas não somos todos poetas.

4 comentários:

FATifer disse...

:) … esta foi a minha reacção ao teu texto, sorri… sorri porque tens razão mas também porque sabes que se não fizéssemos o que descreves não poderíamos viver como vivemos. Aprendemos a ser actores desde que nascemos… temos de agir como se tivéssemos certezas senão nada fazíamos … temos de viver como se fossemos imortais sempre fingindo que não nos apercebemos que não o somos… podia continuar mas vou fingir que já sabes tudo.

A última frase é uma alusão ao poema “Autopsicografia” de Fernando Pessoa, certo?

FATifer

Ana Rita disse...

Gostei imenso deste texto. E é mesmo verdade.O humano tem de ter sempre razão. E quando descobrimos que realmente não sabemos tudo e que as pessoas na sua maior parte não são o que parecem, o nosso mundo perde um pouco da sua cor.
Numa rádio qualquer, ouvi o enderenço do seu blog, ainda bem que tive a curiosidade de o vir visitar. =)

Escrever não dói disse...

Fatifer: Sorrir é bom :)
e sim, é uma alusão ao poema de F. Pessoa :)

Ana Rita:Eu digo o mesmo: "ainda bem que tive[teve] a curiosidade de o vir visitar. =)"

suz disse...

De tanto fingir, às vezes não sei que parte de mim é verdadeira, o que é que ainda não foi moldado à imagem e semelhança daquilo que gostaria de ser. Não sei se tenho vida própria por detrás do papel que me ensinaram a representar desde o dia em que vim ao mundo. Acho que nunca vou saber.