sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Ode mas pouco

Uma apatia que não queima, não consome nem acende a chama imensa do meu coração. 
A eternidade não existe. 
O nosso corpo é devorado pelos bichos e com ele o amor que não sinto por ti. Não devora, não apazigua. 
Estás aí e eu aqui. 
Não me aquece[s] nem arrefece[s]. 
Foi indiferença à primeira vista. 
As saudades não aparecem e não penso em ti a cada instante. Não te desejo uma morte dolorosa nem mijava na tua campa. 
És o meu mais-que-nada. 
Não te amo nem te odeio. 
És-me assim... "igual ao litro". Todos temos um/a mais-que-nada e todos somos o mais-que-nada de alguém.

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Amigo *clik!*

Mais tarde ou mais cedo, escutamo-lo. Desta vez vem tarde mas ensurdecedor.
Sinto-o desesperado e de tão desesperado deu-me uma traulitada tal que me desesperou.
Passou-me o desespero e ficou tranquilo. Agradeço-lhe, humilde, e reconheço o seu trabalho.


De quando em vez, todos precisamos de uma boa traulitada para seguirmos em frente ou, pelo menos, para pararmos de andar para trás.

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Porque o seguro morreu de velho

Olha para mim e diz-me a sorrir que me vai fazer um seguro de vida e de saúde. - "Preciso dos nomes dos beneficiários. 
Pode ser uma só pessoa ou mais. 
Se forem mais, pode decidir a percentagem que cada um recebe". 
Olha para mim e fica admirada por não ter a resposta de imediato... As senhoras dos recursos humanos são muito práticas. - [...] - "Ah! A sério? Normalmente as pessoas escolhem os pais... Os seus faleceram?" - "Não." No segundo seguinte penso que a pragmática e o bom-senso nem sempre convivem e sinto pena da senhora. 
A pena aumenta quando percebo que a simplicidade de uns esquecem e desrespeitam a complexidade a que todos os outros têm direito. 
Deixar dinheiro a alguém na hora de morrer deixa-me serena. Deixa-me a pensar que sendo mau, seria um pouco menos mau. 
E esse pequeno menos mau é muito bom.

domingo, 26 de outubro de 2008

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Digo eu

Isso de procurar vidas interessantes em blogs é perda de tempo. As vidas interessantes vivem-se, não se escrevem.

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

(62) Sinto-me

Agarrada a nada.

-In-evitável

Ao vivermos desiludimos. Desiludimos quem amamos, quem não conhecemos de lado nenhum e, na maior parte das vezes, desiludimo-nos a nós próprios.
Essa desilusão arrasa ou motiva sendo raras as vezes que arrasa sem motivar e que motiva sem arrasar.
A consciencialização desta constante desilusão a que nos sujeitamos e a que sujeitamos os outros torna-nos mortais e cruéis. Já a constante convicção de que nada podemos fazer em relação a isto torna-nos parvos.

domingo, 5 de outubro de 2008

Retrato do país

Sobre o Portugal Fashion:

"Fiquei muito contente por vir aqui porque nunca tinha tido tantas meninas bonitas a menos de um metro de mim(...)"


"Eu contei 20 caras bonitas e não é todos os dias que se pode estar a menos de um metro de caras assim tão bonitas como as que eu vi hoje(...)"
Cavaco Silva

Se fosse um qualquer português era rebarbado, o "nosso" Presidente é só brincalhão.

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Onde? Onde?

Ali não há medo de dizer "preciso de ti" ou "és importante". As palavras que à maior parte das pessoas ficam presas na intenção, são proferidas alegremente e as pessoas que as proferem não têm medo da rejeição, troça ou falhanço.
A frustração não tem lugar porque, ali, a alegria da tentativa frui sem medo.
O abraço não fica por dar e quem precisa dele sente de imediato o enrolar de uns braços.
O olhar carinhoso é sempre acompanhado por um "gosto de ti" independentemente do grau de intimidade. Ali mostra-se o que se sente quando se sente, quer pareça mal ou menos bem.
Ali, o medo e a vergonha são facilmente esmagados pelo afecto.
Quando souber onde fica o Ali, sou feliz.

terça-feira, 23 de setembro de 2008

O que tem de ser...

Ultimamente tenho vivido. Tenho vivido tanto que não tenho escrito nada.
E logo eu que gostava de viver a escrever.

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Reflexão (22)

Quem não está em quase todos os momentos não merece participar nos melhores.

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Alegria árdua

Mudei. Eles agora são pequenos, fazem quase sempre o que lhes digo, ouvem como quem não sabe e não fingem saber quando não sabem. 
Não esperam pela altura certa, não escolhem as palavras nem pensam nos outros. Têm brincadeiras parvas, ficam de castigo, dão mais trabalho, precisam de mais estímulo e de mais atenção. Mudei e agora rio-me mais.

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Simplicidade

Não é preciso mais.
Costumamos dizer tanta coisa que não significa rigorosamente nada que nem nos apercebemos que não significam rigorosamente nada.


Estou aqui. Continuo aqui. Continuarei aqui mesmo que não esteja aqui.

Nunca é preciso mais do que isto porque ninguém o diz se não for verdade.

Coisas que não interessam nem ao menino Jesus

Olho para o jardim zen e sou transportada para minutos de alienação e total descontracção. 
Passado um segundo volto a mim e deixo-o na loja porque sei que nunca o usaria simplesmente porque não consigo ter minutos de alienação e de total descontracção. 
Mas gostava.

terça-feira, 2 de setembro de 2008

sábado, 30 de agosto de 2008

Fotografia

Deixem-me aqui a saborear cada momento, a degustar cada atitude e a sentir cada entrada como se de um prato principal se tratasse.
Está-se bem aqui. A piscina convida à permanência e o sol à continuidade. A gaivota surpreende, a companhia diverte-se com essa surpresa e eu divirto-me com o divertimento da companhia. Está tudo bem.
Não façam nada porque a fotografia está com o enquadramento correcto e com a luz bem direccionada. Se fizerem alguma coisa fica desfocada, sem luz, queimada até.
O silêncio inspira a escrita e a paisagem o sentimento.
Uma fotografia assim tão bem tirada é demasido rara para ser queimada. E não vai ser. E isso é bom.

sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Acontece...

A vida nem sempre corre como queremos.
Aquilo que queremos que aconteça não acontece e o que acontece nunca é da forma como queremos. Aquilo que esperamos que nunca aconteça, às vezes, acontece e temos de conseguir gerir e agradecer as coisas que queremos que aconteçam e acontecem.

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

(59) Sinto-me

Equilibrada.

Quero, posso e canto

Queria ter a destreza dela para inventar cantigas com o que ouve e vê. A melodia estranha e desastrada encontra-se com as melhores letras para dar vida a músicas felizes e sem sentido.
Toca instrumentos vários e qualquer jarra serve de guitarra para acompanhar tão talentosa voz.
Queria eu ter a leveza dos seus quase 3 anos. Queria eu tocar e cantar como ela. Queria eu não conseguir dizer os r's e l's e não me importar. Queria eu ter a ingenuidade que nos roubam quando deixamos de ser assim tão crianças.
Quero eu que ela nunca perca a dela.

sábado, 16 de agosto de 2008

Quotidiano

Quando nos toca a nós, dói.
Quando toca mais aos outros do que a nós, continua a doer-nos mais a nós.
Os outros estão longe, aos outros não chegamos até porque não falamos a mesma língua. Os outros não interessam assim tanto. Os outros não nos doem.
É por isto que há um enorme choque com um sequestro no BES e indiferença perante o "conflito"* no Cáucaso.

*Porque o eufemismo fica sempre bem. Não dói tanto.

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Piloto-automático

Sou eu que escrevo. Sou eu quando o faço todos os dias, quando a vontade de escrever ou o pensamento que surge passa para o papel.
Esta que não pode, que não consegue e cuja vida não o permite... não sou eu. Esta que não tem tempo para fazer aquilo que gosta não sou eu.
Sou eu nos 2 minutos em que escrevo este post. Deixo de o ser assim que o termino. Deixo de o ser assim que saio de um mundo que é meu e passo a ficar no que me obrigam.
Devia escrever horas a fio. Mas eu sou esta a quem a vida não lhe permite.
Aqui sou apenas uma emigrante que, como bom filho, à terra volta.

Serei eu. Não hoje nem amanhã, mas voltarei a sê-lo e não a visitar-me.

quinta-feira, 31 de julho de 2008

Por nós

Temos de o fazer.
Por nós. Só por nós. Porque ao fazermos pelos outros não fazemos coisa nenhuma. Façamo-lo porque queremos ou porque precisamos mas sempre por nós.
Não interessa o que temos de fazer nem porquê desde que seja por nós próprios. Lembrem-se disso.

domingo, 27 de julho de 2008

Intuição

Já sentiram que tinham mesmo de fazer aquilo?

Contra tudo e contra todos, aquele sentimento diz-vos que tem de ser, que é a escolha certa, que vos vai fazer feliz, que vos vai libertar. 

Sigam-no. Acreditem no que vos digo.

sexta-feira, 25 de julho de 2008

Outra

E quando daqui a muito tempo olhar para o de agora, vou-me lembrar da fase em que o cortei, do porquê de o ter cortado e do porquê do corte escolhido. Mais de metade do meu cabelo desapareceu e com ele uma fase. Porque cortar o cabelo raramente é só cortar o cabelo.

quarta-feira, 23 de julho de 2008

Ementa

Empadão de aborrecimento com salada de irritação.
Incerteza picada e batatas a murro.
Uma boa e apurada sobremesa de cansaço e, para terminar a refeição em beleza, café exótico com sabor a desilusão.

terça-feira, 22 de julho de 2008

Calor

Ia começar a ler e tive de limpar os óculos às cuecas.

segunda-feira, 21 de julho de 2008

Não o leiam

que ele não merece.


Aviso:
Blog em fase de depressão.

Dá-lhe rápido, passa-lhe depressa.

Procrastinações diárias

Passear, namorar, viver, sorrir, relaxar.

Quando um trabalho nos faz desistir de tudo isto só há uma coisa a fazer.
E porque o dinheiro não é tudo mas ajuda, continuo a adiar em vez de melhorar.

sexta-feira, 11 de julho de 2008

Questões [não-existenciais]

Quando falam das nossas olheiras e do nosso aspecto cansado...
É suposto ficarmos contentes porque não é fruto da nossa imaginação ou devemos ficar tristes porque estamos com tão mau aspecto que metemos nojo aos cães?

quinta-feira, 3 de julho de 2008

Funesto

Como se não bastasse o facto de ter vontade própria, a sua vontade nunca é a mesma que a minha. 
Não pára quando eu quero e avança quando eu menos espero. Cria problemas, não os resolve, gosta de contrariar e tira-me do sério. 
O tempo é o filho que eu nunca tive e que espero nunca gerar. 
Todos temos um bode expiatório. O meu é o tempo.

domingo, 29 de junho de 2008

Bulling

A falta de confiança torna-se intragável.
A crença de que o que somos não chega, que temos de dar mais, de ser mais e de viver menos.
A única coisa que me aborrece é o facto de sermos nós próprios a pensar isto de nós.

sexta-feira, 27 de junho de 2008

(58) Sinto-me

Desafiante e desafiada.

quinta-feira, 26 de junho de 2008

Síndrome

Tudo perde o gosto. 
As coisas que nos deixavam radiantes só nos provocam meras cócegas que nos fazem sorrir em vez de soltar gargalhadas. 
O cansaço apodera-se e a inércia acumula-se em caixas. 

E depois voltamos para casa com a vontade de dar a volta mas só dormimos. 
E volta tudo outra vez.

domingo, 22 de junho de 2008

Meninices

É uma chatice ouvir falar de saudades, de bons tempos, de brincadeiras, de protecção ou de amor ligados à infância quando ela não significou nada disso. 
É uma chatice saber que isso foi positivo mas raramente o sentir.

sexta-feira, 20 de junho de 2008

Deixem-se lá de coisas

Está tudo triste, irritado, desiludido ou as três coisas.
Eu só consigo sentir uma sensação de alívio que se deve não ao facto de não ser patriota mas à realidade de não ser adepta.
O facto de não ser patriota é apenas uma embirrância minha, uma ausência total de sentimentos de pertença ou uma saudável alienação à tristeza que me rodeia.

terça-feira, 17 de junho de 2008

Coincidências

Já é a quarta vez que vejo o Mexia no mesmo sítio a fazer exactamente as mesmas coisas nas mesmas secções.
Temos os dois muito pouca vida social, é o que é.

sexta-feira, 13 de junho de 2008

Reflexão (21)

Digo o que não devo a quem não devo.
Não o faço porque sou a maior ou porque sou muito sincera. Faço-o porque sou egoísta e insensível e porque só me sinto bem se o fizer.

quarta-feira, 11 de junho de 2008

Intrinsecamente

Há sempre alguém com quem nos indignamos, com quem embirramos.
Há sempre alguém que consideramos incompetente, burro ou as duas coisas.
Será que o pior dos outros nos faz sentir melhor ou pensamos que os outros são piores só porque somos estúpidos?

terça-feira, 10 de junho de 2008

(56) Sinto-me

Descontraidamente atenta.

domingo, 8 de junho de 2008

Inconstitucionalidade

Que direito têm vocês de me dizer seja o que for? Vocês que ousam pensar que percebem o que é não ter, o que é conquistar, o que é sofrer e o que é conseguir ou falhar. Vocês que pensam conquistar tudo na vida quando sempre tiveram alguém que os amparasse se alguma coisa corresse mal.
Que direito pode ter alguém sobre mim se não sabe o que é não ter ninguém?
Que direito têm? Nenhum.
E que direito tenho eu de vos julgar? Nenhum. Mas eu faço o que eu quiser, o blog é meu.

sábado, 7 de junho de 2008

(55) Sinto-me

Desinteressada.

Ser

Ali estão as pessoas estilosas. Têm estilo precisamente porque não sabem que o têm.
Mais ao lado vemos as que pensam que têm estilo e não têm, as que têm estilo porque não sabem que o têm mas que tentam imitar os que pensam ter estilo ficando, elas próprias, sem estilo. Ainda mais ao lado podemos encontrar pessoas com estilo mas que o perdem quando vemos como são.
E por estilo entendo tudo, sendo o menos importante a forma de vestir.

sexta-feira, 6 de junho de 2008

Tem graça

Fascina-me a facilidade com que as pessoas estúpidas dizem que estão fartas de pessoas estúpidas.
As pessoas que não são estúpidas afastam-se das que são estúpidas antes de chegarem ao ponto de as chamarem estúpidas.

segunda-feira, 2 de junho de 2008

Fragmentos

Pensei nisso e concordei. Depois pensei mais um pouco e acabei por discordar.
Não. Este blog não é o meu espelho. Há dias em que ele é muito melhor que eu e outros em que o supero.
O que transparece aos outros da leitura do meu blog não pode ser e não é o meu reflexo. É tudo mais complicado do que parece, dói sempre mais deste lado, o sorriso é muito menos palpável desse lado.
Muita coisa é dita e muita fica por dizer.

Não vos posso contar muitas coisas, não vos posso esconder tantas outras.
Este blog é só mais um dos vários pedaços que compõem o meu espelho.

quinta-feira, 29 de maio de 2008

Literatura

Toda a gente gostava de escrever um livro ou já escreveu. 

Não é preciso vocação ou sequer saber escrever português. 

Não. O que eu queria era entrar num livro. 

O que eu queria era falar com o meu autor. Perguntar-lhe porque é que tem de ser assim e não de outra forma. Perguntar-lhe porque é que escolheu as personagens que tenho em meu redor e porque é que não sou eu a personagem principal. E os cenários? São uma desgraça. 
Mais! Desconfio que ele sofre de uma perturbação mental grave com tendência para a comédia e para o drama! No fundo, no fundo o que eu queria era ter uma conversa com ele. Não. Mesmo lá no fundo, o que eu queria era enchê-lo de porrada. 

Toda a gente escreve um livro. Eu só queria reescrever o meu.

quarta-feira, 28 de maio de 2008

Alienoespertos

Gostava de ser como eles. Decidiram que não viam televisão e pronto.
Chamem-lhes distraídos, pseudo-intelectuais, conscientes, inteligentes, alienados ou egoístas. Não interessa. O que me interessava era conseguir esquecer a existência desse aparelho. Esquecia as desgraças que passam nas notícias e a triste sociedade vertida em todos os programas de televisão.

Esquecia e era um alívio.
Esquecia as tristezas e as desgraças mas elas aconteceriam de qualquer maneira.
Hum... poderia lê-las. Mas não têm tanto impacto, pois não? Não incomoda tanto, não é palpável, não têm cara.
Deve ser por isso que vou vendo [pouca] televisão.

domingo, 25 de maio de 2008

Abre-olhos

Há sempre alguém que nos lembra 'daquele' projecto que já estava esquecido.
Ficamos sempre contentes com esse alguém. Porque se lembrou, porque nos lembrou, porque nos diz que afinal há muitas outras coisas que queremos e podemos fazer. Diz-nos que a vida não é só esta azáfama diária que nos leva ao dia seguinte. Impele-nos a agir e a tentar mais, a pensar que isto não chega e a querer mais.
E a única coisa que esse alguém fez foi formular uma simples pergunta cuja resposta é sempre um ahh esbugalhado.

sábado, 24 de maio de 2008

À medida que o tempo passa

Do nada nasce a vontade de dizer e a força para fazer. Foi do nada que surgiu a vontade de ser e foi assim do nada que passei a querer tudo.
Será que a cada dia há uma conquista? Ou será que progressivamente nos contentamos com menos?

quarta-feira, 21 de maio de 2008

Analfabeta

A minha mão traiu-me. 
Apanhou-me a olhar para o lado esquerdo e traiu-me.
Esqueceu-se que não sabe ler e assinou o contrato. 
Assim que olhei para o lado direito contraí-me, arrepiei-me e fiquei roxa de raiva. No contrato lia-se em letras gordas: NÃO PODES FALHAR. 
Nem nas letras pequenas a mensagem é subliminar. 

Assinei um contrato sem assinar e agora sinto toda a gente a exigir o seu cumprimento e a examinar cada cláusula. 

*Fuck Off!*

terça-feira, 20 de maio de 2008

sexta-feira, 16 de maio de 2008

Curioso

Há a constante necessidade de parecer diferente, de nos distanciarmos dos outros [mas nunca somos piores, tem graça] de vestir e falar de forma diferente.

Não será essa necessidade a revelação de que somos todos estupidamente iguais?

quinta-feira, 15 de maio de 2008

Deveres e direitos

Estão familiarizados com aquelas perguntas que fazem porque sentem que devem fazer mas que, na realidade, não queriam mesmo fazer? 

A essas perguntas eu prefiro não responder.

terça-feira, 13 de maio de 2008

Num ápice

A noite estava silenciosa, pesada. Assim de repente até a achei obesa.
A cama estava grande. Assim de repente, pareceu-me ter 5 metros de largura.
Ao longe ouvia as vozes que, de repente, pareciam estar ao meu lado mas de um momento para o outro [assim de repente] ficaram a oceanos de distância.
Os barulhos da noite incomodavam-me. Assim de repente, acho que todo e qualquer barulho me irritava.
Sentia-me sozinha e assustada. Pensei que se de repente alguém batesse à porta, seria tão de repente que eu não daria por nada.
Lembro-me de ter pensado que sentia mais do que os outros. Lembro-me de sentir que qualquer sopro era para mim um tufão. Lembro-me de me fechar em mim mesma e de, de repente, sentir-me melhor.

E é assim que, de repente, se diz tanto que tanto só diz a uma pessoa. A mim.

domingo, 11 de maio de 2008

Bola de neve

O objectivo é pensar que posso. 
Se pensar que posso não desanimo. 
Se não desanimo continuo a poder. 
Se continuo a poder, continuo a não desanimar. 
Continuo a poder e a não desanimar por isso fico contente. 
Fico contente porque estou animada e porque sei que posso.

sábado, 10 de maio de 2008

Meteorologia antropológica

O sol teima a aparecer entre as nuvens. Vem e é constantemente empurrado para onde não o conseguimos ver.
Ainda bem. Como em muitas outras coisas na vida, só gosto dele quando aparece de vez em quando, quando não chateia, quando não me deixa desconfortável.

sexta-feira, 9 de maio de 2008

Noções

Acabo o dia e penso nas pessoas com quem me cruzei.
Lembro-me que afecto e que as pessoas que se cruzaram comigo afectam-me.
Lembro-me que não dei o afecto que queria.
Cada um tem a sua importância e todos são importantes. 
E eu dei o meu melhor.

terça-feira, 6 de maio de 2008

Ser e estar

Só nos damos a conhecer quando estamos tão calados que sentimos a ausência dos outros e, por isso, limitamo-nos a ser. 
Sem artífices, sem máscaras, sem gestos planeados, sem intenções, sem vontades ou desesperos, sem fingir ser. 
Conseguir presenciar tal estado de graça é um regalo. 
Admirar alguém que se sente sozinho é um espectáculo maravilhoso. Pode ter um olhar profundo ou estar a tirar macacos do nariz mas vê-lo(a) simplesmente a ser é extraordinário.

domingo, 4 de maio de 2008

Contingente

Na minha próxima vida vou começar a tocar violino aos 4 anos.
Vou ser um menino de cabelo ruivo cujos olhos castanhos se iluminam sempre que vê e toca o seu violino. 
Na minha próxima vida vou amar tudo e vou intercalar piano quando estiver cansado do som do violino. 

Vou contentar-me com o que sou, com o que toco, com o que vejo e com o que dou. Vou viver no masculino e tentar perceber o feminino. 

Ou não vou ser nada disto. Ou não existe "próxima vida". 

Uma coisa é certa: nesta vida gostava de ter esta próxima vida.

Exclusividade individual

Todos temos "aquele" sítio, o nosso refúgio.

Quando lá estamos nada mais interessa. 

Pensamos em nós e para nós. 

Resolvemos, decidimos ou deixamos tudo em aberto mas é lá que o fazemos.

Pergunto-me sempre como serão os sítios das pessoas que conheço. Pergunto-me sempre se, para eles, "o sítio" terá assim tanta importância e como é que tornaram aquele sítio no seu sítio.

No meu sítio, penso nos seus sítios.

sábado, 3 de maio de 2008

(51) Sinto-me

Dentro de uma concha.

sexta-feira, 2 de maio de 2008

Recuei no tempo

Os homens são como os pêlos.
Custam a desaparecer. 
Temos de sofrer muito mas quando saem é um alívio. 

Hoje já não penso assim. 

Não sei se é bom ou mau mas detesto pêlos.

Não-chatices

Não-falar para não-ter-razão, para não-irritar, não-chatear e não-ser-mete-nojo-insensível-desmancha-prazeres.

Isso seria demasiado chato.

quinta-feira, 1 de maio de 2008

Outro Dia

Não finjas. 
Sabes que não vale a pena porque eu não te vejo, sinto-te. 
Sinto e não há nada que eu possa fazer. Por isso sangro.

Sangro sorridente para não sentires que sangro.

Sangro como quem não quer a coisa porque assim não sangras mais só porque eu sangro contigo. 
Sangramos os dois mas hoje não. Hoje vamos estancar a hemorragia.

Amanhã somos obrigados a sangrar mais um pouco. Mas amanhã é outro dia.

Escapadela

Fujo quando quero e para onde quero.
Fujo com quem quero porque só quero fugir comigo.

Corro em direcção à multidão para fugir das pessoas, saltito entre conformados e conformo-me. Sinto-me bem porque fujo quando quero e sinto-me bem por querer fugir. Fujo e continuo com todos à minha volta porque preciso de todos e porque [por mais estranho que pareça] todos parecem precisar de mim.

quarta-feira, 30 de abril de 2008

Impacto

Surte maior efeito. Sente-se mais, importamo-nos mais e indignamo-nos mais porque nos dói.
"Odeio-te" escancara o fracasso de um e a libertação do outro. "Odeio-te" é dito mais alto e com mais fervor.
"Odeio-te" é libertador e indicador do que somos, do que sentimos e do que recebemos. Um "odeio-te" nunca é dito se não for sentido. "Odeio-te" é sempre verdade mesmo que passe no instante a seguir. "Odeio-te" é um pedido de ajuda e uma súplica ao entendimento. O "odeio-te" não se diz, deixa-se escapar.

"Odeio-te" é um grito de raiva, um desabafo sincero, um ferimento certeiro. A dor toca-nos mais do que o amor.
"Odeio-te" dói e "amo-te" conforta.

terça-feira, 29 de abril de 2008

(50) Sinto-me

a não sentir.

Sem limites

Não há limites para a mágoa. 
Podemos sempre magoar mais um bocadinho. 

Quando pensamos que as lágrimas se foram ou que a nossa mesquinhez tirou férias, lá acontece qualquer coisa que nos prova que há sempre mais lágrimas prontas a sair e que a mesquinhez [a nossa e a dos outros] está sempre pronta a causá-las. 

Continuamos a magoar, continuamos a ser magoados e continuamos a pensar que é normal. 

Não é nem nunca foi. E pensar que sim é uma forma de nos magoarmos mais um bocadinho.

segunda-feira, 28 de abril de 2008

O nosso umbigo

A fantasia da vitimização é a saída para quem não lida com o seu próprio fracasso.

domingo, 27 de abril de 2008

O tempo não cura mas ensina

Com o tempo aprendi a ir com calma e a levar as coisas com menos seriedade.

Aprendi a brincar com quase tudo e a irritar-me com quase nada e quase ninguém.

Quase ninguém tem essa importância e quase nada vale a pena.

sexta-feira, 25 de abril de 2008

A piada da semana

Jardim acha que Santana Lopes deverá assumir a liderança do PSD. Segundo ele, Santana é o único com credibilidade para isso.

O saber de quem ignora

Não sei. Não sei e não tenho medo de o afirmar.
Tenho gosto em não saber e sabiamente admito a minha ignorância.
Não sei o que responder quando me perguntam como vou ser ou sequer como sou.

Não me incomoda não saber desde que a predisposição em mudar isso esteja comigo.

quarta-feira, 23 de abril de 2008

Sobre poesia

Não tento. 
Não me atrevo. 
Isso daria demasiado trabalho quando escrever é, para mim, uma descontracção.

É preciso talento e todos os poemas que tenho lido ultimamente parecem saídos de diários adolescentes.

E eu já não tenho 13 anos.

Frustração

Muito falei, muito escrevi, muito me gabei e muito me diverti... antes do tempo. 

De que me serve a sensação libertadora que me invade ao escrever quando não tenho tempo para pegar numa caneta?

sábado, 19 de abril de 2008

Vingança

Quando nos retiram na infância aquilo a que temos direito, nunca nos contentaremos com o que quer que seja que consigamos em adultos. 

Porque agora depende de nós!

Agora temos mais porque conseguimos fazer mais.

Agora mandamos nós...

quinta-feira, 17 de abril de 2008

Desdém

Não me interessa, não quero saber, não me apetece falar disso, estou-me a marimbar para o sucedido e não podia estar menos preocupada com isso.
Não me afecta, não me beneficia e muito menos prejudica.
Eu, juntamente com outros 3 portugueses, partihamos este sentimento relativamente ao jogo de ontem. Não, ao exagero do futebol em geral.

terça-feira, 15 de abril de 2008

Bons e pequenos momentos

A livraria que fica ao pé do meu trabalho proporciona-me bons momentos na hora de almoço.
Entro e desapareço entre livros rabiscados, mal escritos ou entre achados literários preciosos que eu gostaria de conseguir identificar imediatamente.
Lá encontro o pastor, o polícia, a menina que queria ser mulher, o inspector, a alma, a infância de todos e de nenhum de nós. Encontro pessoas que não existem e que estão mais vivas do que eu.

O empregado que timidamente me reconhece pergunta o que vou ver hoje. Deve-me achar maluca, claro. Respondo um "a ver vamos" adequado ao epíteto de tresloucada que parece sair no final da sua frase.
A livraria que fica ao pé do meu trabalho proporciona-me bons momentos na hora de almoço e permite-me a loucura de gostar de conhecer pessoas que não existem mas que estão mais vivas que eu.

segunda-feira, 14 de abril de 2008

#O fim-de-semana é para#

Adorar.

Reflexão (20)

Finalmente cedo e concordo:

A imprevisibilidade e o livre-arbítrio do Homem é aquilo que o torna estúpido.

Concordo discordando

Não consigo sequer aceitar a possibilidade de existir alguém que escolha os seus livros pelo conhecimento que tem acerca da vida do escritor. 

É absurdo. 


Se o escritor pode ser tudo o que pensamos que é, do autor não se pode dizer o mesmo. 

Mantenho-me incrédula. Existem mesmo pessoas a quem o conhecimento biográfico determine a apreciação da obra.

sábado, 12 de abril de 2008

Inverso

Acabamos sempre por acreditar no que não acreditávamos, de dizer o que pensamos ser indizível e ainda conseguimos pensar o que seria inimaginável.

Atingimos coisas que considerávamos utopias e tornamos exequível o impossível. Amamos objectos e desprezamos pessoas. 

Descrevemos sentimentos e sentimos palavras.

Reflexão (19)

A vitória que não é partilhada ou reconhecida não é vitória, é uma não-frustração.

sexta-feira, 11 de abril de 2008

Temos pena

Não tenho pachorra para blogs que vivem das aventuras românticas que [na realidade] não vivem, dos podres dos homens ou das fraquezas da carne. 

Não tenho pachorra para dramatismos e lamentos, supostas desilusões e injustiças amorosas. 

O amor é lixado. Mentalizem-se e vivam com isso!

quinta-feira, 10 de abril de 2008

Cobiça

Desejamos com demasiada força.
Tentamos ser perfeitos a todo o custo porque nunca ouvimos que não é preciso tentar, que não ser perfeito é bom e saudável.
Nunca cultivámos os não-perfeitos. Afinal, a ilusão de que os não-perfeitos são perfeitos alimenta-nos o desejo de os igualarmos e aponta-nos a estupidez de não conseguirmos distinguir a inveja da ambição.
É como o Natal... todos queremos que seja perfeito mas nunca o chega a ser.

(46) Sinto-me

Melhor. Uma pessoa bem melhor.

quarta-feira, 9 de abril de 2008

Sorte

é estar a chover e mudar o pneu num parque de estacionamento coberto.

terça-feira, 8 de abril de 2008

Reciprocidade

Na altivez do seu carrapito, das suas unhas roxas e da sua maquilhagem esborratada dizia que gosta de homens selvagens "daquelas brutos que me tratam mal". Dizia-me que os homens normais não a seduzem e que prefere "os que me atiram contra a parede". Ainda contou que gosta de dar nas vistas e que, quando vai a uma discoteca, gosta de se roçar nas amigas para provocar os homens.

Na altivez do meu optimismo e da minha ingenuidade, disse-lhe que os Homens normais também não se iriam interessar por ela.

segunda-feira, 7 de abril de 2008

Pequenez

Roubei a postura das árvores. Enraizou-se em mim e não estou disposta a abdicar dela.
Imito-as quando tenho forças para isso e rendo-me à sua superioridade quando não o faço.

As árvores vivem poderosas e morrem de pé para que nos lembremos disso.

#O fim-de-semana é para#

passear.

sexta-feira, 4 de abril de 2008

B-Z

Quando fazemos posts como este é porque não estamos ocupados.
Quando estamos mesmo ocupados a única coisa que podemos fazer relacionado com um blog [e num momento de loucura e distracção] é pensar nele.

quarta-feira, 2 de abril de 2008

Que chatice

Entre as muitas coisas que me ultrapassam está o facto de existirem muitas coisas que me ultrapassam.

"La paliçada" comprovada

Acreditarmos que somos capazes é meio caminho andado para o sermos.

terça-feira, 1 de abril de 2008

Recalcamento

Estamos sempre a pensar no que poderemos fazer para remediar, o que podemos dizer para atenuar a estupidez ou a indelicadeza de antes. 
Somos estúpidos ao ponto de estragar tudo e ainda pensamos que conseguimos resolver a merda que insistentemente fazemos.

A presunção de que as coisas vão acabar por se resolver é um traço de personalidade intrínseca a qualquer um de nós. 
Mas não. Nem sempre resolvemos. 

Nem sempre conseguimos recuperar o que estragámos. 

Talvez sejamos muito burros ao ponto de deitar tudo a perder porque achamos que as coisas vão acabar por se resolver.

Ou provavelmente só estragamos aquilo que estamos dispostos a perder.

Reflexão (18)

Não me conformo com a resignação das pessoas mas nao ajo em conformidade.

Guilty as charge?

Flirts inocentes. 

Todos nós já o fizemos a uma dada altura das nossas vidas e muitos continuam a fazê-lo sempre que podem. 

Sabemos reconhecer um flirt. 

Rimo-nos dos outros, rimo-nos de nós.

Estará o nosso discernimento afectado porque alimentamos um flirt ou será que o negamos porque afinal um flirt não é assim tão inocente? 

segunda-feira, 31 de março de 2008

Alcança ou desespera?

A espera magoa. A espera faz com que as nossas expectativas subam demasiado e a desilusão é mais que incontornável.
A espera faz-nos imaginar que vai correr tudo bem, que as coisas vão melhorar, que agora é que é, que vamos dar tudo por tudo, que vamos ser competentes, que vamos ser melhores.
Quando não é, dói. Quando não é, a desilusão aconchega-nos o peito, enche-nos de amargura e de revolta.
A espera e a incerteza de que "agora é que é" ou de que "afinal não é desta" irrita-me.
Quero que a espera acabe para saber o que me espera.

Perecer por não parecer

Estão todos ocupados. Uns lêem o jornal, outros conversam. 

Não estão todos ocupados mas parecem estar. 

Numa mesa sozinha a olhar para o vazio, destoo. 

Não finjo estar ocupada e isso incomoda-o. 
Olha-me de lado e observa cada gesto meu, cada expressão, cada movimento.

Inquiro-me sobre a razão de tanto incómodo mas continuo a incomodar. 

O tempo passa e a companhia que me chega e aconchega acaba por matar o incómodo.

domingo, 30 de março de 2008

Intransigência

Detesto quem se atrasa, quem me faz esperar, quem faz esperar os outros e quem o faz constantemente mostrando desrespeito pelos seus semelhantes.

(43) Sinto-me

Bem em casa.

sábado, 29 de março de 2008

Decepção

[...] Ah! E seu dress code está fantástico!

Podia falar da mania dos anglicanismos ou do meu problema com os elogios mas o que me ocorreu foi:

"E logo eu que sou contra tanta coisa e que me indigno com as futilidades alheias. Se o meu dress code está fantástico talvez devesse preocupar-me mais com as minhas..."

Porque o elogio nem sempre elogia.

Reflexão (17)

Há quem não se canse de ver o seu reflexo.
Curiosamente, quem as rodeia sente precisamente o contrário.

O que há para não gostar nas férias da Páscoa?

Absolutamente nada.

sexta-feira, 28 de março de 2008

Demais

O excesso é sempre mau. Excesso de bondade, de maldade, de dinheiro, de mediatização, de ambição, de amor, de indignação ou de reinvindicação.
O excesso é sempre mau e até a revolta contra o exc
esso [quando excessiva] é má.

quinta-feira, 27 de março de 2008

Not enough

Quem nunca sentiu na pele a fragilidade de não conseguir ser o que quer? 
Hoje é assim que me sinto. 
Não dou conta do recado, não sou suficientemente boa ou suficientemente má, conforme a perspectiva. 
A constante tentativa em ser mais nem sempre me traz os resultados esperados. 
São os dias da desilusão, os dias da revolta e da tristeza. 
E é nestes dias que procuro e encontro a motivação que me leva a conseguir os outros. 
É a procura em acabar com estes dias e com estes sentimentos que me deixa ultrapassá-los e conseguir os dias em que me sinto mil vezes melhor do que sou.

Tortura ou simples viver, conforme a perspectiva.

(42) Sinto-me

Esforçada.

Embalagem

A boa aparência de alguém só é visível quando começa a falar. Não confio em publicidade [enganosa].

quarta-feira, 26 de março de 2008

Mas afinal o que é que as mulheres querem?!

Atenção e alguém que as ponha em primeiro lugar.

E o rabinho lavado com água de rosas, não?

Caixas

Aquela sensação de pequenez e de ignorância quando estamos com alguém mais velho é boa. Não é masoquismo, é disponibilidade para [...].
Lembra-nos que há sempre mais para aprender. Lembra-nos que há sempre alguém melhor que nós em todos os sentidos. Incita-nos a sonhar ser assim quando a sapiência da idade nos afectar.
O toque de humildade/realidade de um encontro destes faz-me sorrir, faz-me sentir uma caixa vazia cheia de vontade que a encham.

terça-feira, 25 de março de 2008

(41) Sinto-me

Crítica.

Desinteressadamente

Falamos do que não interessa.
Não pensamos. Vivemos a pensar no que não interessa. Como disse... não pensamos.

Quando não queremos ser mais, tornamo-nos menos.
Tomamos decisões frivolamente e vivemos frívolos.

E é frivolamente que não queremos saber da nossa futilidade.

segunda-feira, 24 de março de 2008

Reflexão (16)

Altruísmo é comprar os meus chocolates preferidos e não me arrepender de os oferecer.

Demora

Enquanto esperava por ti, aproveitei e resolvi esperar por mim também.
Dei um saltinho ali ao lugar onde ninguém me encontra.
Estava longe e a pensar num sítio ainda mais longínquo. Estava a pensar naquela parte específica da minha cabeça onde raramente chego mas onde queria estar a toda a hora. Onde chego a todos mas ninguém me chega a mim. Onde sou eu e onde gosto de o ser.
Fartei-me de esperar e chamei-me. Teimosa, lá fiquei. Esperei mais um pouco mas nem o facto de já estares comigo me fez parar de esperar por mim. É sempre bom sinal quando espero por mim. Vou esperar mais um bocadinho.

sexta-feira, 21 de março de 2008

No cimo do cume

Farta de quem puxa para baixo, resolvi puxar-me para cima.
Resolvi dizer que mereço e bato o pé em minha defesa. Digo o que não quero e digo o que quero. Mais! Digo como quero, onde quero e porque é que quero. Digo que sei exactamente onde devo estar e não tenho dúvida nenhuma que tenho forças suficientes para lá chegar. Para cima é que é o caminho. Se for para a frente e para baixo não resulta.
É um egoísmo bom, um egoísmo que me faz andar para a frente [e para cima].
E é o que digo para mim mesma. Acho que seria o que o psicólogo que me iria dar cabo da carteira diria.

Deixo-vos com o pensamento que me surgiu neste exacto momento: como será ler o que de mais íntimo dou de mim?

Reflexão (15)

Afinal, não são as pessoas que se dão demasiada importância. Somos nós que damos demasiada importância às pessoas.

quinta-feira, 20 de março de 2008

Alterada

Não pergunto se já te disse que te amo. Pergunto-te:
E hoje? Já disseste que me amas?
Não. Hoje não quero saber. Não quero respostas.
Acordei com genica, não precisei de café, vi televisão, escrevi, olhei para a rua breves momentos. Hoje pensei nas pessoas que lá estavam, pensei nas suas vidas. Hoje é um dia diferente. Não sei porquê mas sinto-o. Hoje acordei com vontade de derrubar a rotina.

Demência

Pensei que não fosse possível fazer aquilo.
Pensei que tantas palavras juntas não podiam estar ausentes de significado.
Peguei nas minhas coisas e, sozinha, pensei que aquilo era uma coisa fenomenal! Quanto mais olhava para lá, mais vontade me dava de me insurgir. Pegar naquilo tudo e fazer uma coisa melhor. Maior.

Será que eu consigo fazer aquilo? Não sei se consegui. Provavelmente não. Mas tentei. Não, esperem.
Consegui. Aqui estão uma porrada de palavras combinadas que não querem dizer absolutamente nada. Vazias de conteúdo e sem qualquer objectivo definido. E nem sequer precisei de falar sobre sapatos ou manicure. Espectacular.

(40) Sinto-me

Mordaz.

quarta-feira, 19 de março de 2008

Cegueira crónica

Gostava de ter uma venda. Conseguiria ver tudo. Seria tudo tão diferente...
Os olhos são pequenos ditadores que magoam quem não gosta de ver e de ser visto. Ferem quem é muito mais do que os olhos permitem ver.
Estamos tão habituados a ver que acabamos por não conseguir ver com clareza.

terça-feira, 18 de março de 2008

Acautelo-me

Levantei-me.
Arranjei forças lá no armário das forças e ergui a cabeça. A vontade não era nenhuma mas fui à gaveta da vontade e consegui. Caminhei devagar porque tinha medo. Decidi ir à caixa da coragem e comecei a caminhar mas rápido na sua direcção. O trabalho esperava-me mas a genica tinha acabado no dia anterior. Lembrava-me perfeitamente de ver a caixa vazia.
Fiquei sem saber o que fazer. De repente, a força e a coragem produziram um pouco de genica e fui contente fazer o que me compete.
Agora sei que devo ter sempre as gavetas, as caixas e os armários cheios.

As recordações são eternas

A minha alma é verde. Não. A minha alma é azul e amarela. Às vezes mistura-se.
A minha alma alimenta-se de letras. De boas letras. Porque há letras boas e letras más. Eu gostava de conhecer só as boas mas, às vezes, as más assaltam-me os dedos.
Gostava de ter boas letras para descrever a minha alma mas não tenho.

O verde da minha alma não me lembra o mar, nem a natureza, nem todos os outros clichés. O verde da minha alma lembra-me a efemeridade. A efemeridade da minha camisola preferida que é verde e que já não uso. A efemeridade dos meus olhos que acabam por se definhar com o tempo. A minha efemeridade.
A efemeridade da minha alma, dos meus pensamentos e das minhas letras.

Às vezes:

1. Imagino-me melhor;
2. Falo sozinha;

3. Imagino as bactérias a contorcerem-se quando estou a limpar;

4. Invento músicas e, pior que isso, canto-as;

5. Penso que algumas das músicas que invento não são más de todo mas é mentira, são horríveis;

6. Desejo ser menos certinha;

7. Faço do volante bateria e dos dedos baquetas;

8. Desejo ser mais certinha;

9. penso que devia fumar, beber ou as duas coisas;

10. não faço as maluqueiras que gostava de fazer;

11. Divirto-me com a estupidez dos outros mas desculpo-me porque também me rio da minha.

segunda-feira, 17 de março de 2008

(39) Sinto-me

Protectora.
Protectora como a mãe que sente o filho em perigo.
Protectora. Capaz de lutar e enfrentar mil batalhas para conseguir oferecer essa protecção.
Protectora como a filha que se atira para o chão e consegue agarrar o vaso que ia despedaçar o coração da mãe e os seus ouvidos de tanto a ouvir.
Protectora de dar o litro. Protectora capaz de me transformar em tudo o que não sou. Protectora como aquela que não tem quem a proteja. Lutadora por e para si.

[des]Conforto

Haverá alguém que não precise de ouvir que vai correr tudo bem? Haverá alguém a quem essa necessidade incomode?
Haverá mais alguém a quem as frases "vai correr tudo bem" ou "tinha de ser" ou ainda "o que não mata, torna-nos mais fortes" irrite?
Não gosto de ouvir as mesmas coisas aplicadas a toda a gente e a todas as situações menos boas. Se "cada caso é um caso" porque insistem no reconforto homogéneo?

domingo, 16 de março de 2008

(38) Sinto-me

Pensativa.

Actores

Não sabemos. Gostamos de pensar que sabemos o que, na verdade, ninguém sabe.
Nós e as nossas certezas absolutas no nosso mundo absolutamente linear...
Fingimos. Fingimos que temos tudo sob controlo e que sabemos exactamente o que vai acontecer. Fingimos que sabemos tudo sobre quem nos rodeia ou até sobre quem nunca vimos.
Não sabemos. Somo mentirosos e, pior do que isso, somos demasiado inseguros, impotentes e frágeis para admitirmos que não sabemos.

Não conhecemos verdadeiramente as pessoas. Elas não são transparentes e nós não as conseguimos decifrar. Elas também não nos decifram. Fingem que decifram.
Fingimos todos os dias mas não somos todos poetas.

sábado, 15 de março de 2008

Escárnio

A senhora que não se constrange ao olhar de cima a baixo todos os que passam. O senhor que come cereais e mostra a sua criatividade ao desistir do habitual leite juntando-lhes água-pé.
Olho para o lado e observo a senhora de idade que fala bem-disposta com a amiga mas que é atingida repentinamente por uma má-disposição assim que ouve o seu nome no altifalante. Mais à direita, uma menina de 12 anos que parece ter engolido a sua família é austeramente censurada pela senhora que gosta de olhar para tudo e todos.
Olho para dentro e ainda consigo ver alguém que consegue rir por dentro enquanto espera pela urgência ambulatória.
Ir às urgências de um hospital pode ser divertido ou dramático. Mas o riso é tão mais saudável...

quinta-feira, 13 de março de 2008

Ricochete

Não posso. Não consigo.
Não deixo que me afectem. O simples facto de não me conseguirem afectar, afecta-os a eles.
Não consigo ser o balão rodeado de agulhas. Se tiverem agulhas, o balão irá tranformar-se em bola de futebol. Se tiverem facas, a bola de futebol transforma-se numa bola de futebol de aço.
Não deixo. As pessoas têm o poder que lhes damos. Nunca lhes dou mais poder do que aquele que eu tenho.

(37) Sinto-me

"Vestida para matar".

quarta-feira, 12 de março de 2008

Ouvir não dói

Penso em vocês:
Conseguem ouvir-me?
O que eu vos digo... chega aí? Terá o efeito pretendido? Fará alguma diferença? Será que as minhas palavras sussurradas chegam pujantes aos vossos ouvidos? Não? Sim?
Entristece-me pensar que não. Alegra-me pensar que sim. Revolta-me não saber se devo estar triste ou alegre.
Pode ser que me ouçam no próximo sábado às 21h e no domingo às 13h. O Escrever não dói dá um programa de rádio na Rádio Comercial pela voz de Vanda Miranda.
Nunca me vão ouvir com tanta clareza, com tanta proximidade.

Obrigada :)

Diálogos

- Posso perguntar-te de que livros gostas?
- Já perguntaste... Gosto de todos os livros. Só não aprecio alguns autores.
- Falas noutra linguagem, não gostas do que as outras pessoas gostam e não dizes o que as pessoas esperam que digas.

Sorriu de ou para mim.

- Afinal não estavas interessado nos autores que aprecio. O que te interessa é essa outra linguagem de que falas, não é?
- Achas que é um elogio ou uma ofensa?
- Não acho nada. Acho que são apenas considerações e cada um lhes dá a importância que quer.
- Que importância lhes dás?
- Dou-lhe a importância de uma opinião. Não preciso que alguém me diga como sou. Não acredito que saibam como sou. Que conversa de malucos...
- Então ninguém te conhece?
- Tu não.

Descobertas

E, de repente, o medo apoderou-se de mim.
Estranhei que a sensação no estômago fosse igual à que tenho quando estou nervosa. Não era nervosismo, era medo! Era medo puro daquele que nos faz tremer e desejar que tudo passe rápido. Algumas das borboletas irrequietas que se apoderaram da minha barriga diziam-me para fugir. Outras diziam-me que era melhor ficar porque tinha pessoas à minha volta. Diziam-me que ninguém seria capaz de cometer uma loucura em plena luz do dia com tanta gente presente.
As primeiras diziam que a luz do dia e as pessoas não são importantes para quem não tem nada a perder. Fiquei confusa. Por momentos consegui alienar-me do medo e pensei que até as borboletas discordam. Como poderemos nós agradar a gregos e troianos? Como poderemos nós não discutir e defender as nossas opiniões se as pobres borboletas têm a coragem de o fazer?
Dei razão ao segundo grupo de borboletas e desejei fervorosamente que o primeiro não tivesse razão.
Ele vinha na minha direcção e parava. Andava um pouco para trás. Olhava para mim. Eu tentava olhar para o lado oposto como se não o estivesse a ver.
As borboletas estavam cada vez mais chatas.

Vinha na minha direcção novamente e fazia exactamente o mesmo voltando para trás. Fiquei a pensar que estaria a decidir o que fazer. Fiquei a pensar que a sua indecisão estava a incomodar-me mais do que o medo e do que as borboletas.
Recuou e as borboletas deixaram-me. Estiveram comigo cinco longos minutos e mostraram-me que o medo me faz pensar.
Depois de tudo isto, o medo ainda me ensinou a respeitá-lo e a lidar com borboletas. Agora consigo ouvir o que elas me sussuram.

(36) Sinto-me

Calada.

Detestável

Arranha e atropela. Dá-me um nó na garganta e quase não falo. Não gosto de gritar. Se ninguém ouve quando falo, não me darão ouvidos quando grito.
Anula-me e adormece-me. Não sou a mesma.
Maldita gripe.

terça-feira, 11 de março de 2008

Permutamo-nos

Sinto-te aqui. Sinto-te perto quando estás longe e colado quando estás perto.
Sinto que também me sentes assim tão perto e é o melhor sentimento do mundo.
Consigo sentir a admiração que tens por mim mesmo sem saber porque a sentes. Tento mostrar-te que também a sinto mas nunca sei se o consigo fazer.
Lembro-me de tudo o que já passámos e consigo perceber que temos algo raro. Dou-nos e dou-te valor.
Sorrio ao olhar para ti e para as tuas mensagens. Se soubesses o quanto gosto de o fazer saberias quão raro é o que temos. E sabes.
E é o melhor sentimento do mundo.

sexta-feira, 7 de março de 2008

(35) Sinto-me

Em véspera de fim-de-semana. :)

Frustração matinal

Hoje tive um sonho diferente.
Toda a minha infância foi substituída por outra exageradamente abastada mas triste. Incompreensões de miúda e zaragatas com irmãos.
Quando acordei com a sensação de ter tido aquela infância tentei voltar. Queria saber mais daquele mundo. Queria saber tudo. Não consegui saber mais nada.

quinta-feira, 6 de março de 2008

Incompatibilidade

Sou demasiado discreta para ter amigas brasileiras.

[Perdoem-me que não me importe com a crítica da generalização]

(34) Sinto-me

Estafada mas com milhões de coisas para fazer.

Orgulho

Sou mulher, gosto de conduzir, conduzo em Lisboa, costumo dar passagem e não compro a faixa do meio nas auto-estradas.

:)

segunda-feira, 3 de março de 2008

Personagens

Há pessoas que nos surpreendem. Que pensam que são melhores do que realmente são ou que não fazem ideia que são muito melhores do que pensam.
A minha natureza de "abre-olhos" prefere as pessoas que pensam ser melhores do que realmente são. Gosto de estar presente quando descobrem que afinal não são como pensavam. Gosto de estar presente para ver as lições de humildade que tanta falta lhes estavam a fazer.
As que não fazem ideia que são tão boas, divertem-me. É delicioso estar com alguém tão bom mas ao mesmo tempo tão idiota que não se apercebe o quão bom é.
Gosto de pessoas que me surpreendem. Estas fazem-no muito bem.

sábado, 1 de março de 2008

Mau timing

Tive de ir ver, pois claro. Tinha de ver o filme Este país não é para velhos no rescaldo dos Óscares. Sou mesmo estúpida, realmente.
A sala estava cheia. Cheia de pessoas, cheia de pipocas, cheia de coca-cola, cheia de dentinhos a morderem o raio das pipocas durante o filme todo e cheia de gente a falar durante o filme todo. Só grupos e grupinhos excitados. Pareciam excursões de dentinhos ansiosos de dar ao dente. Para falar ou mastigar as pipocas, não interessa. O que eles queriam era trabalhar.
No final do filme ocorreu-me: "Então, dentinhos? cansados? Isso é que foi trabalhar... minha cambada de anormais!"
O filme, já agora... Está bom, sim senhora. Assustadoramente esquisito e bom.

sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Aos blogs que visito diariamente

Gosto de ti sem nunca te ter visto ou ouvido a tua voz.
Leio diariamente as tuas palavras e é por isso que respeito e admiro tanto esta realidade blogosférica que me permite contemplá-las.
Há um em particular que leio há muito tempo e a quem já o confessei. Poucos são aqueles que leio todos os dias. Aos poucos.

Repentina [mente]

Apeteceu-me. Surgiu e agarrei-o ao computador.
Escrevi um texto de quatro páginas em meia hora e não vou emendar nada. Não lhe vou mexer. É assim que ele está gravado na minha cabeça e é assim que vai estar no ficheiro doc.
Um texto que me lembra os meus regurgitamentos repentinos. Só serve para isso e já serve para muita coisa.

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

(33) Sinto-me

Respondona.

Generalização

Um homem sozinho que gosta do que vê limita-se a olhar de cima a baixo. Se estiver com amigos, não resiste a gritar o que muitos chamam "piropos". Deve estar no código dos homens, não sei.
Nós vamos à casa de banho juntas, vocês gritam piropos... Pronto. Está bem.

Empenho

Tenho tido tempo para mim. Tenho tido tanto tempo para mim que me entretenho a fazer as coisas que gosto e quando me lembro que tenho de almoçar são 4 da tarde.
Soube bem. Tive tempo para me encontrar, para pensar, para sonhar e para dormir.
Pensei no que devia e, provavelmente, no que não devia.
Trabalhei muito sozinha para ter as coisas que gosto e como gosto. Consegui.
Acabou o tempo para mim. O meu tempo agora é para os outros. É para fazer aquilo que tem de ser feito que nem sempre é aquilo que gosto de fazer.
Não me importo. Quando me importar arranjo tempo para mim, outra vez.
A leitura vai diminuir, o interesse pelo que me rodeia também. Vou querer acabar o meu dia para chegar a casa e saber que amanhã começo outro. E isso chega-me porque cada dia vai merecer continuação.
Faço o suficiente por dia para saber que mereço o que se segue. Esforço-me por fazer ainda mais. Se na vida temos o que merecemos, eu quero merecer mais. Quero ter mais sorrisos, mais amizades, mais amor, mais dinheiro, mais divertimento, mais trabalho.

Quero sucesso a todos os níveis e mais alguns. E já o alcancei em muitos. O importante é continuar a tentar alcançá-lo em todos.

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

É isso

O que eu estou a precisar é de um dia TODO a passear, a comer fora e a ir ao cinema.
Rejuvenescimento garantido!

(32) Sinto-me

Conformada.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Byblos

Ontem vi-te. Estavas de costas e nas costas de um livro teu.
Soltei uma lágrima sem sequer ter dado por isso. Soltei tristeza, saudade e admiração.
Fiquei mais triste. Fazes falta.
Tudo o que és e representas é demasiado importante para me virares as costas. Não devias ter ido.

Trouxe-te para casa na estúpida esperança de atenuar esse sentimento. Estúpida. A saudade ainda é maior.