quarta-feira, 12 de março de 2008

Descobertas

E, de repente, o medo apoderou-se de mim.
Estranhei que a sensação no estômago fosse igual à que tenho quando estou nervosa. Não era nervosismo, era medo! Era medo puro daquele que nos faz tremer e desejar que tudo passe rápido. Algumas das borboletas irrequietas que se apoderaram da minha barriga diziam-me para fugir. Outras diziam-me que era melhor ficar porque tinha pessoas à minha volta. Diziam-me que ninguém seria capaz de cometer uma loucura em plena luz do dia com tanta gente presente.
As primeiras diziam que a luz do dia e as pessoas não são importantes para quem não tem nada a perder. Fiquei confusa. Por momentos consegui alienar-me do medo e pensei que até as borboletas discordam. Como poderemos nós agradar a gregos e troianos? Como poderemos nós não discutir e defender as nossas opiniões se as pobres borboletas têm a coragem de o fazer?
Dei razão ao segundo grupo de borboletas e desejei fervorosamente que o primeiro não tivesse razão.
Ele vinha na minha direcção e parava. Andava um pouco para trás. Olhava para mim. Eu tentava olhar para o lado oposto como se não o estivesse a ver.
As borboletas estavam cada vez mais chatas.

Vinha na minha direcção novamente e fazia exactamente o mesmo voltando para trás. Fiquei a pensar que estaria a decidir o que fazer. Fiquei a pensar que a sua indecisão estava a incomodar-me mais do que o medo e do que as borboletas.
Recuou e as borboletas deixaram-me. Estiveram comigo cinco longos minutos e mostraram-me que o medo me faz pensar.
Depois de tudo isto, o medo ainda me ensinou a respeitá-lo e a lidar com borboletas. Agora consigo ouvir o que elas me sussuram.

Sem comentários: